quinta-feira, 30 de abril de 2015

O ônibus para casa

  Pessoas e mais pessoas à procura de chegar a um único destino: suas respectivas casas. No processo, multidões de desconhecidos ao meu redor. Rostos jamais vistos, de beleza e pecado distintos.
  Sentado de frente à porta do fundo do ônibus, cenas de cinema passam diante de meus olhos. O filme é nacional e o diretor é o povão. Tudo isso acontece em uma pequena telinha, de modo que somente eu havia comprado o ingresso.
  Rua, ponto de ônibus, rua, ponto de ônibus................................................................. Até o momento em que pausamos o filme com uma luz vermelha. Volto-me para dentro do ônibus. As pessoas, antes estranhas, já tornaram-se rostos conhecidos, banhados em um sono pesado, mas revigorador depois de mais um dia sobrevivendo na Terra.
  Chego ao meu destino. Desço e caminho cabisbaixo. Que tantas outras pessoas eu encontraria amanhã?Qual seria o nome do novo filme? Não sei, a única coisa que posso afirmar é que estarei novamente com um ingresso em mãos. Talvez algum dia eu pare de ser aquele que assiste e vire aquele que atua.
  Tudo é possível. Ainda resta-me um tempo de idas e vindas, mas algo me diz que coisa boa virá pela frente. É só uma questão de tempo. E tempo é o que não me falta!


( o que me falta então?)

30/04/2015

  Muitos a essa hora estariam loucos para chegarem em suas casas ou não enfrentarem o trânsito caótico que está lá fora. Cá estou eu, com um lanche do Subway e um refrigerante enorme. Sentado, à moda single, observo tudo ao meu redor. São pessoas, homens, mulheres e crianças. A cada segundo novos rostos, novas histórias, novas sensações. Enquanto todos torcem para botarem seus pés o mais rápido possível no sofá, eu não quero. Prefiro estar fora de casa, com o meu lanche, meu refri e a minha repetida playlist, tocando sempre Legião Urbana, O Teatro Mágico e às vezes- só às vezes mesmo- é que toca alguma música internacional que nunca sei cantar- acho que foi porque nunca tentei..
  Rostos felizes, rostos tristes. Bocas cheias, de lanches, de palavras nunca ditas. Bocas vazias, de lanches, de palavras que por nunca serem ditas foram engolidas- isso causa uma náusea e uma cefaleia dos diabos.
  Uma criança passa correndo. Termino o meu refri, esperando a última gota cair. Um casal começa uma DR. Limpo a boca com um guardanapo. Um amigo passa por mim  sem me notar. Amasso o embrulho do lanche, fingindo não vê-lo. Meu celular toca. Digo que já estou indo, quando na verdade só quero permanecer aqui, escrevendo.
  Há dias em que não sai nem um versinho, por mais pobre e singelo que seja. Hoje, é possível escrever um livro inteiro, enviar cartas para todos os meus amigos e ainda escrever umas para mim mesmo, que só poderão ser lidas daqui a 10 anos, no mesmo dia e lugar em que estou.
  Levanto, recolho minhas coisas e jogo o lixo do lanche. Coloco a cadeira no lugar, agradeço a Oxalá pelo dia de inspiração e parto, voltando à monótona e rotineira rotina. Talvez amanhã eu escute algo diferente...que tal Legião Urbana mais uma vez? O dia todo


Algumas rotinas devem voltar, como escrever...