sexta-feira, 2 de junho de 2017

Luto aos finados


Hoje é para ser um dia excelente. Sexta-Feira!
Pensei em comprar alguns fogos de artifícios, mas parei no meio do raciocínio. Primeiro que a loja de fogos perto de casa não abre de Sexta, segundo que sinto uma constante Segunda-Feira em mim. Cabe em mim somente o profundo luto.
Nunca o deixei entrar para tomar um café, nem mesmo sabia sua aparência. São só 4 letras... não da nem tempo da xícara esfriar.
Luto aos finados porque seria incomum estar aos vivos. Sinto muito pela descoberta que deveria estar coberta. Parte o coração ao ouvir aquela mistura de Bossa com um outro tipo por aí e sair do trabalho mais cedo, tomando bronca do chefe, quase ser atropelado, perder aquela paixão de Metrô, perceber que está na hora de fazer a barba, perceber que há tempos não escreve nem um versinho na capa do bloco de notas e ao chegar no centro da cidade para comprar loucamente dois ingressos (um para o escritor e o outro para qualquer um que sente do meu lado no banco do ônibus) descobrir que a banda deixou de existir faz um bocado de tempo.
Olhei para o rapaz que estava na cabine apertada e disse como assim não existe? Ta ouvindo esse refrão que dá vontade de congelar e gravar no vinil para deixar tocando todas as tardes na vitrola? Ta ouvindo essa voz vivíssima? Por que mentes?
Não tive respostas, só a portinha da cabine fechando na minha cara.
Como uma banda que fala de Metrô, Futebol e Marinês não existe mais? Onde foi o enterro? Que enterrou?
Por este motivo... sem fogos e alegria de Sexta

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