terça-feira, 25 de julho de 2017

O que eu aprendi sendo escritor?

Hoje, 25, aparenta ser um dia muito especial àqueles que sofrem uma terrível insônia e uma inspiração que surge nos lugares menos esperados — seja no ônibus da volta para casa, seja no chuveiro, essa “dita” sempre aparece de surpresa.
Mais um dia do escritor que acabo esquecendo por pura e simplesmente rotina de uma cidade grande-mas-que-tá-ficando-pequena que é São Paulo. Era mais ou menos dezoito horas desta tarde, quando recebo uma mensagem simples, daquelas que combinam com a rapidez que as coisas são ultimamente. Olho uma, duas vezes e solto a mais famosa onomatopeia de minha geração: PUTS.
Eu poderia chegar aqui e usar e abusar de eufemismos, mas, infelizmente (ou feliz) foi exatamente assim que aconteceu. Datas são muito importantes. Fazem-nos lembrar e parar para refletir sobre o que de fato está sendo comemorado. O problema foi eu nunca ter tirado uma longa tarde para formular e responder a pergunta que poderia ser retórica.
O que eu aprendi sendo escritor?
A verdade é que continuo não sabendo e em hipótese alguma fico preocupado com isso. Durante esse tempo — o que é tempo, atualmente? — que tirei a senhora coragem do baú e comecei a escrever, conheci e passei a admirar muita gente que hoje nem está por aqui para tomar aquele café literário.
Foi com Caio Fernando Abreu que aprendi a paixão que é escrever um conto. Com suas histórias em tom melancólico, comecei a arriscar alguns textos. Alguns ficaram consideravelmente bons. Outros tratei de rasgar no momento final de sua leitura.


Levei Caio F. na mochila, no bolso, durante os primeiros anos de escritor. Acredito que nem eu sabia ao certo o que estava fazendo, mas eu gostava do resultado. A excitação ao finalizar um texto era algo descomunal. Como tudo estava dando certo, ora, continuei então.
Viajei com Caio em seus escritos. Acompanhei cada história escrita em “O ovo apunhalado” , “Fragmentos”, surpreendi-me com a história de “Onde andará Dulce Veiga” e perdi-me intensamente em sua biografia “Para Sempre Teu: Caio F.”, por Paula Dip, uma grande escritora a quem tive o prestígio de conhecer pessoalmente ano passado no monólogo Amarelo Distante, de Kiko Rieser.
Nossa viagem estava ótima, como sempre esteve, mas Caio F. ganha uma concorrência pela tão disputada cabeceira do meu quarto. As “loucuras” escritas por Clarice Lispector conquistavam cada vez mais esse escritor que faz uma tremenda volta para explicar uma pergunta tão sucinta. Clarice ganhou-me ao escrever “A hora da estrela” e dar vida a Macabéa.
Após ganhar-me com seus “delírios”, conquistou-me com suas entrevistas que fez como jornalista. Clarice era capaz de criar todo um ambiente, personagens, ações, cheiros, sentimentos, enquanto entrevistava seus convidados. Tratava-os muito bem, aparentava até mesmo um ar dionisíaco, metaforicamente falando. Como encantava…
De fato, o que eu mais aprendi sendo escritor foi ter o respeito e paixão por cada um que preencheu páginas em branco com histórias intermináveis, cada um que batalhou e batalha para ser reconhecido em um país que não valoriza a leitura. O que eu mais aprendi sendo escritor foi ter a perseverança de cada nome citado e tantos outros nomes colocá-los neste texto o deixaria interminável. Aprendi que ainda tenho tanta coisa a aprender por esse universo literário que uma vida só não basta.
Parabéns a cada escritor existente nesse Brasil nosso, nesse mundo nosso. Que possamos dar origens a tantas novas histórias. Que sejamos eternos nessa imensidão de parágrafos e frases ambíguas.
Sobre o que vai escrever hoje?

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Procura-se




Aquele papo de carnaval no vagão do acaso
Um acaso tão bom

Aquela fantasia mofada coberta de gliter
Que vence só em 2018

Aquela conversa de que tu falou
Que as pessoas não se abandonam, só dizem até mais ver

Aquela foto pregada no mural 
Bem bagunçado, por sinal

Mais palavras para dizer a falta que faz
Tudo que já foi e fez

Você

segunda-feira, 17 de julho de 2017

ELA

Eu gosto quando ela dorme aqui. Gosto de sentir aquele abraço, aquele carinho que me faz tão bem em tão pouco tempo. Quando ela dorme aqui, toda aquela insônia acaba. O perfume dela fica em mim por completo.Preenche os cantos do meu apartamento, repousa em meu travesseiro e lá fica até o dia seguinte, em que o expediente recomeça.

Mas começa diferente, mais animado. A gente abre a janela e parece estar de cara com uma marchinha de carnaval. Dá vontade de sair pulando e jogar confete para todos os lados, gritar para todo mundo o quanto sou feliz e não sabia.

E a animação segue durante o dia inteiro. A marchinha parece não cansar, e eu também não. O sol de meio dia não castiga mais tanto. Agora comemora conosco.

Eu sei que o texto parece incompleto, mas é o que consigo contar no momento. Há outros sentimentos a serem contados, certamente. Mas como bom escritor que quero ser, resta-me fazer aquele suspense clichê na expectativa de mais um escrito como esse.

Mas gosto quando ela dorme aqui. Gosto quando ela me completa... disso não tenho dúvida.