sábado, 13 de dezembro de 2014

Contos de fim de ano - A cadeira de rodas de Jake

O que vou dizer aqui ficará só entre a gente,ok?Não que eu não confie nas outras pessoas.É que tenho um segredo que guardo desde pequeno.E também que quando se tem 12 anos,é difícil um adulto acreditar em você.
Bem,acho que devo começar falando quem eu sou: Me chamo Jake Vilhegas,tenho diversos posters  de artistas que já morreram há um tempão- Presente da mamãe- e gosto de esportes.Já representei meu país cinco vezes nas Olimpíadas.Ganhei medalha de ouro na natação,no judô,no salto com vara,no tênis de mesa e muitos outros nomes difíceis que não consigo pronunciar.Acho que o mais legal é ver como os atletas ficam abismados quando subo no pódio para pegar minha medalha e ouvir o hino do meu país.Ah,caso eu não tenha falado,sou russo.Não russo russo,mas russo.Nasci mesmo em Portugal,mas meu pai se apaixonou por uma linda russa,que anos mais tarde seria a minha mãe.Mas voltando aos esportes: essa é a minha vida de campeão olímpico. Ou a vida que eu queria ter.A verdade é que não sou um campeão,ou o cara que todos lutam para escolher primeiro na educação física.Sou cadeirante,por isso não participo de algumas atividade físicas.Todos me perguntam se eu ligo para isso.Sinceramente: Não. Quando eu era pequeno,papai me deu um presente que guardava um presente- o mesmo que irei te contar agora.Ele disse: Jake,como você está ficando um moço,seu presente de natal esse ano será especial.Papai chegou com uma caixa enorme.Abri e soltei um “CARAMBA” bem alto. Era uma cadeira de rodas pintada de vermelho e uns detalhes de fogo e desenho de caveira,nas rodas.Papai me ajudou a subir nela e sussurrou em meu ouvido: Jake,tenho um segredo para você.Essa cadeira é mágica,pode se transformar no que você quiser,basta pedir.
De primeira,não acreditei muito.Agradeci pelo presente e fui para fora.Como aonde moro quase sempre há neve,saí para ver o chão todo branco.Meu sonho sempre foi descer um monte de trenó.Por um momento,acreditei no que papai disse.Fechei os olhos e desejei que a cadeira se transformasse em um trenó.Após ter desejado,senti um frio na barriga e um vento gelado no meu rosto.Abri os olhos e quando vi,eu estava descendo um enorme monte em um trenó vermelho com desenhos de caveira.Simplesmente explodi de felicidade.Foi o melhor natal de todos.Muitas crianças estavam comemorando o natal com seus pais ou estavam se esquentando na frente da lareira.Eu estava subindo e descendo montes com minha cadeira-trenó.
A partir daquele dia,resolvi usar minha cadeira para ajudar também outras pessoas.Salvei Bob de uns garotos mais velhos com a minha cadeira-contra-surra-de-valentões.Salvei a Lietch  na aula de Ed. Física com a minha cadeira-protetora-contra-bolas-de-queimada. Eu até que gostava um pouco dela,mas aí já é outra história.Aos poucos,me tornei um herói.
E foram longos anos de glória,mas quando fiz meus 12 anos,a cadeira já não se transformava com tanta frequência.Pensei procurar o papai para ver se ele a arrumaria para mim.
-Sinto muito filho,não posso arrumá-la.A mágica está fraca e conforme se cresce ela fica gasta,assim como a bateria de celular.
Perguntei então qual era a mágica que fazia a cadeira se transformar em tudo o que eu quisesse.Ele me olhou no olho e disse,com a mão afagando meu cabelo: Sua imaginação.Foi quando eu me lembrei que até um garoto com uma cadeira de rodas mágica precisa crescer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário