segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Ainda não sei escrever uma crônica

Desculpe, mas não consigo. Não dá! Continuo não entendendo muito bem o que vem a ser crônica. No colégio aprendi que crônica é um retrato/relato da realidade- ou era isso que eu “me recordo” de terem me contado. Mas pensando por esse lado, então tudo pode ser uma droga de crônica.

Até mesmo uma excelentíssima e autoral receita de feijoada. Mas como assim, feijoada? Pois é, até eu me surpreendi. Vejamos, o que vai em uma feijoada é o próprio retrato das condições de vida de quem a criou, não foi isso que aprendemos na quarta ou quinta série com aquele teatro improvisado que a professora insistia em fazer? Até eu me submeti a isso e fiquei muito feliz por ter feito o papel principal dessa história. Sim, eu fui o escravo, não aquela tal princesinha, com todo o respeito à ela, mas mantendo o criticismo em alta.

( Pensando que tudo pode ser uma crônica, isso complica a situação para a minha pessoa e o meu eu-lírico, aquele que sente por não entender algo tão simples )

Então acho que uma Terça-Feira normal pode ser transformada em crônica. Até mesmo aquele cara que sempre dorme no fundo do ônibus, já que desce sempre no ponto final, suponho- e suponho mais um pouco. A mulher que sempre pega o elevador comigo e sempre desce no andar errado- aqui é o oitavo? Não, senhora, aqui ainda é o sétimo, ótimo número, não acha?
Música? Música também pode. Modern Love , do David Bowie. Ouvi em um filme e só fui descobrir quem cantava quando procurei por ela. Mesmo não sendo fã de músicas lá de fora- prometo acabar com esse nacionalismo extremista para a música (?)- essa música tem algo que as outras não têm: persistência. Até agora só sei um trecho dela, aquela parte que junto com as guitarras ele diz Modern Love. Eu deveria estar fluente em Inglês, mas o nacionalismo não deixa- um pouco de cômodo também.

( Paro de escrever para fechar a janela. O vento frio da noite em contato com a minha pele cria aquele leve choque térmico. Até tu nas crônicas, frio, quê falta mais? )

Chego a triste conclusão de que escrever é uma tarefa difícil, principalmente se for para alguma coluna de jornal ou revista, agora não sei para quem é difícil: para quem escreve aquilo que é ordenado ou para quem lê e não encontra aquilo que procura. O risco é grande, não é mesmo?

Escrevo, escrevo e parece que nada sai. Gasto tempo e tinta da máquina. Uma pausa para ouvir a milésima briga de boêmios na rua. Aproveito para pegar um pouco de café, tirar o mofo de livros que em hipótese alguma devem estar mofados- somente morangos. Não tinha café, mas mofo tinha aos montes. Retorno para a Remington. Erro a letra-sem querer sai um H no lugar do G, Hostei do resultado.

Talvez não seja em uma Terça-Feira que eu entenda exatamente como é escrever uma crônica. Talvez isso seja uma crônica e eu esteja sendo piegas. Ou talvez eu de fato nunca escrevi uma crônica. Agora entendo o porquê de eu nunca ter ficado em primeiro nos concursos de crônicas do colégio. Só subi no pódio uma única vez, três anos atrás. Fiquei em terceiro, um número bom. Terceiro, três anos, mais de três tentativas de escrever do jeito certo – sou persistente. Gosto do meu certificado de terceiro lugar. Tá lá, meio empoeirado, mas meu nome continua lá, para eu mesmo vê-lo.


( Agora estou ouvindo Heroes)
(Espero que seja esse o nome correto)
(E que eu cante mais de um verso desta vez)

2 comentários:

  1. Seus textos são lindos e emocionantes, a narrativa muito poética e quando eu leio, ás vezes fico triste, não sei por quê, enfim parabéns.

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    1. Agradeço a mensagem e peço desculpas pela demora em responder!!

      Abraços!

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